Mau conseguia te entender no telefone, o som do chorinho estava alto. O clima daquele bar me embalava. Estava extasiada. Cerveja, bolinho do Bodega, melhor amiga e risos.
O Bar
Lá é simples. E ao mesmo tempo rico. Rico porque concentra muita cultura. Muita gente vai lá. Encontro de tudo nas quintas-feiras. Se pudesse ia toda quinta. Quando estou livre é sagrado.
A Amiga
Doida. Fazia tempo que não trocávamos figurinhas. Junta cerveja, eu e ela, pronto, não vai prestar. Dito e feito. Ríamos tão alto, falávamos tão alto... estávamos muito bem. Muito certas do que queríamos naquela noite. Ambas apaixonadas pelo o que está longe. As duas sonhando com um encontro. Duas loucas à procura de liberdade e vida.
O choro
Música sem letra, mas que diz muito. Cada roda uma novidade. É sempre aconchegante. Cheia de técnica com muito improviso. Cerveja, coca-cola e instrumentos. Durante a música a comunicação é o olhar e a experiência de cada músico. Me encanto.
A Paquera
Eram dois também. Estavam do outro lado do choro. De pirraça começamos a olhar. Óbvio, não queríamos nada além de dizer não. Mas esse não, não aconteceu, porque os dois nipônicos se foram sem coragem de chegar para uma conversa. Fracos, dissemos.
Telefonema 1
Nada. Mais uma tentativa: voz baixa e um "não posso falar". Paciência, pensamos.
Telefonema 2
Oi amor... combinamos a vinda. Pode ser que seja para sempre mas o fato de lutar por um sentimento, ainda que incerto já vale a pena.
Telefonema 3
O meu. De certo o acordei. Voz baixa e de sono. Linda. Queria entrar pelo telefone me aconchegar na sua coberta. Mas era longe. Falamos pouco, matamos o que nos mata aos poucos: saudade. Sonhamos com o norte e contamos as novidades. De longe parece que estamos perto. Me disse um dia "Ouvir sua voz me faz crescer o desejo de tocar seu rosto, sentir sua pele e me envolver em seu corpo". Simplesmente amei.
Nossa mesa
Primeiramente nossa mesa é sempre democrática e com espaço pra mais alguém. Sentar num bar e não conhecer alguém diferente não é com a gente. Pediu, sentou. Detalhe que sempre estamos o mais perto possível da roda.
O casal
Chega um casal no bar, um pouco tarde já. O bar estava cheio, pediram e sentaram em nossa mesa. Duas simpatias. De cara vi que de lá vinha história. E não deu outra. Fui rápido mas marcante.
Fernando
Morou 5 anos em Belém. Não me lembro como chegamos neste assunto. Sei que vislumbrei com suas histórias. Tínhamos a paixão pelo norte em comum. E a vontade de pra lá voltar. Ele me prometeu uma cerâmica na próxima quinta, porém nos desencontramos e nunca mais nos vimos.
Ela
Não me lembro o nome, mas minha amiga se encantou. Tinham a experiência de organizar festas e fazer os contatos em comum.
O papo acabou porque ficou tarde pra eles... e pra nós.
Mas o fato é que a cada roda, a cada choro, a cada bolinho do bodega uma história.
A cada telefonema seu um carinho, um sonho de reencontro. Um fazer bem ao outro.
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