quarta-feira, outubro 19, 2011

1. Eternamente responsável?

Estou com uma frase na cabeça já faz algum tempo e o significado dela tem me encucado bastante. Encucado no sentido de me questionar, até que ponto ela realmente procede?

Quem nunca leu ou ouviu aquela frase do livro "O Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry?

"Tu te tornas ETERNAMENTE responsável, por aquilo que cativas"

Orra, já tomaram conta da força dessa frase na vida de uma pessoa? 
- Eu simplesmente estou em crise!

Eternamente é muito tempo!

Vamos para uma rápida análise:

Tu te tornas - não há escolha aqui, você se simplesmente se torna, automaticamente, querendo ou não, você muda para uma posição específica... 
Eternamente - para sempre, que não se altera, algo que se tem início, no caso quando você se tornou, mas não tem fim. Você não poderá "destornar".
Responsável - aquele que responde por um ato, por alguém, por algo.

Um adendo. Você será para sempre aquele que responde por alguém. Forte isso né?
Continuemos...

Por aquilo - aqui pode ser qualquer coisa. Uma pessoa, um animal, uma situação, um grupo, enfim, algo que você possa se responsabilizar.
Cativas - é cativar, seduzir, convencer, encantar... Aqui fica evidente que pode ser algo que você queira cativar, ou não.

Entenderam bem a força da frase e a responsabilidade daquele que cativas?

Vamos aqui tratar "aquilo" como uma pessoa.

Então, você será para sempre responsável por alguém que você cativou. E você não pode escolher nada!

Não necessariamente você queira cativar alguém, mas tem horas que isso é incontrolável. E ai? Como ser responsável por aqueles que você nem pensava em cativar, mas cativou?

E aqueles que você realmente queria cativar? 
Vivemos num mundo globalizado, onde é possível conhecer pessoas de todos os lugares do mundo, e cativá-las, sim, mesmo que virtualmente. Ou podemos conhecê-la fisicamente falando, e manter uma amizade virtual, pelo fato da distancia. Hoje isso é possível e totalmente normal.

Mas digam: como se responsabilizar por essa pessoa? Como acompanhá-la? Como ajudá-la? Como saber da sua vida, assim tão longe?

Caímos num impasse então. É possível mesmo ser eternamente responsável por aqueles que cativas?

Quantas pessoas cativamos por esse mundo a fora? E quem se responsabilizará por elas?

O que realmente entendemos por amizade? Ser amigo não requer dedicação?

Eu tenho muitos amigos. Tenho muitos conhecidos. Quanta gente cativei! Meu Deus!
E agora? Sou uma irresponsável consciente. Não consigo me responsabilizar por todos. Isso é um pecado, um erro. 

Posso ligar de vez enquanto, mandar um e-mail, fazer um comentário no Facebook, mandar um SMS, ou ainda fazer uma visita de vez em nunca.

Isso é responsabilidade? Me diga Pequeno Príncipe.

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