domingo, fevereiro 27, 2011



Eu quero os pequenos detalhes que me fazem viajar num infinito mundo de riquezas microscópicas
Quero um olhar apurado, que veja além das paredes, além dos próprios olhos os sentimentos camuflados pela representação
Um pouco mais de histórias de desconhecidos, invisíveis excluídos
Eu quero escutar o som do respirar das formigas, quando elas estão paradas sobre meu corpo
Quero poder sentir o tocar do som, que vibra quando me entrego a dança, a dança que me balança
Ah! Quero sentir o gosto doce, ardido, amargo e insosso da água limpa que saí da nascente do rio
Quero um pouco de você, um pedaço da sua argila para completar a minha
Tocar o rosto daquela mulher suja e suada, quente do sol que torra
Dar a mão para a criança que sorri sem medo de enfrentar o medo de morrer de fome
Admirar aquelas imagens em movimento na tela que me traz sensações
Suas tantas cores que alegram meu olhar em meio a tanta destruição
Meus pés só querem o ladrilho gelado da cozinha que guarda os bons sabores da minha vida
Quero lembrar a cor dos seus olhos quando eles se abrem enquanto nos beijamos
Vou sentir tudo isso até que tudo vire pó.
Meu sentir olha, toca, escuta, degusta e te beija
Até que seja pó!

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Todos os dias...

Todos os dias espero encontrar um olhar que diga ser especial. Todos os dias me apaixono por olhares dispersos, todos os dias me frustro com olhares errados.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Do tédio ao diferente...

Desconfio que um dia essa solidão cesse. Não quero dizer que seja uma solidão de estar totalmente sozinha em um lugar, sem nenhum outro ser vivo por perto. Mas me refiro a uma solidão que vem quando a saudade aperta. Aquela saudade que começamos a sentir logo que um momento muito bom acaba. Ou quando uma pessoa muito especial não está mais ao nosso lado. Dessa solidão que me refiro. De uma dor que sentimos, bem no fundo do coração quando percebemos que já passou e agora é voltar a normalidade do dia a dia.

Uma vez me disseram que a saudade é boa, que alimenta a nossa esperança e nos dá força para agirmos. Concordo que seja assim. Mas sentir essa dor parece que não é muito racional. E ai o que fazemos? Sabidos da facilidade de uma loucura se aproximar, muitos (como eu) se enveredam em atividades que nos tomam todo o tempo. Ai certamente não sentimos a dor, porque nosso corpo não pára e nossa mente não pensa. Mas e quando por algum motivo ou outro temos que ficar a sós no silencio do nosso quarto? Uma resposta eu não tenho, afinal é o que eu venho procurando há muito tempo. Inclusive me questionei como diminuir essa dor?

Simplesmente olhei para o dia e pensei o quão culpados somos da nossa própria solidão. Temos um mundo. Um dia, uma noite. Temos a natureza o sol. Temos nossa família, amigos. Temos a nós mesmo. Temos nossas formas de abstração. Temos um mundo de possibilidades. E às vezes esquecemos disso. Nos fechamos a sentimentos passados, a prazeres que já se foram e não percebemos que nós construímos o nosso próprio modo de ser e viver. Caímos na mesmice, no cotidiano. Olhamos as coisas sempre com o mesmo olhar. Fazemos sempre os mesmos caminhos. Temos sempre os mesmos costumes. É claro que cairemos no tédio qualquer dia desses...    

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

O beijo e Tocantins

Aquele beijo, foi para selar o momento mágico, especial pelo qual tínhamos acabado de vivenciar. Um beijo simples, de carinho. Tanto sentimento que em um segundo eu pude experimentar uma sinceridade de vida tamanha. Cumplicidade. Poderia ter me ido para eternidade aquela hora.
Uma vista linda. Um dia perfeito. Um clima aconchegante. E uma companhia inesquecível. 
Era novamente o Tocantins em minha vida. Um rio que me encontrou e me mudou. Mudou meu pensar e meu curso de vida.  Só poderia me sentir completa.
Eu o olhava intensamente, querendo guardar pra sempre aquela imagem de fim de tarde. De pássaros voando para seus ninhos. E água se movimentando lentamente por causa do barco que estávamos. Debrucei sobre o janela e o esperava, sabia que viria.
Uma lágrima rolava em meu rosto quando senti sua suavidade tocar meu corpo. Seu cheiro doce me encantara... ele veio. Sua cor branca destacava-se no começo da escuridão da noite que vinha chegando.
Já não escutava mais a bagunça que estava no barco. Só ouvia os pássaros, as árvores e a água mansa do Tocantins. A pouco tinha me jogado nele, deixando a correnteza me levar...
Ah Tocantins que saudade, nunca que imaginaria te encontrar novamente!
Encostados os dois na pequena janela, contemplávamos a beleza da natureza.
Uma partilha.
De vida. Vivência. Estávamos no auge de uma vida dedicada a uma causa. Estávamos alí, dois humanos agradecendo a vida! Agradecendo a natureza. E aquele momento mágico.
Encontramo-nos na Amazônia. Tinha muito o que dizer, mas muito mais a que sentir.
De tudo o que me lembro a melhor foi ter o encontrado naquele lugar, naquele exato momento. E principalmente saber que comungávamos das mesmas expectativas, tinhamos o mesmo olhar sobre o mundo.
E sobre o Tocantins.
Não te esquecerei Tocantins. Tão pouco este momento. Se vamos nos encontrar novamente, não sabemos...
Mas seu beijo, seu cheiro ficará para sempre em mim. Sua simplicidade e seu modo de ver e amar a vida.
Eu sei que o Rio Tocantins não passa pelo Piauí, tampouco Paraná. Assim, teremos que voltar a Amazônia...


Um cheiro...