Lá vem
Marieta de cabeça baixa, com olhos cheios de lágrimas, já posso imaginar que algo aconteceu.
Da última, me disse que não sabia explicar o que tava acontecendo. Marieta anda bastante confusa. Ora penso que está feliz, ora que se sente só...
O que eu sei é que Marieta não está bem. Já faz um tmpo.

Chamei-a para conversar. O dia estava realmente belo. Uma manhã de sol e céu azul. Uma brisa simpática e um cheiro de inverno.
Um dia perfeito para que ela se sinta bem.
Marieta é uma jovem mulher, tem uma beleza diferente e encantadora. Sempre sorrindo, de bem com todos. Tem um carinho incomum com os cachorros (de rua). Apaixonada pela lua, e pela natureza. Gosta de se comunicar, de conhecer, de aventuras.
Mas ultimamente Marieta não sabe bem o que lhe agrada e faz feliz.
Sentada ao meu lado, ela queria carinho. Encostou a cabeça no meu ombro, peguei na sua mão e senti que estava fria. Estavamos em frente a um lago. Um parque cheio de árvores e flores, do jeito que ela gosta.
Ficamos assim por alguns minutos, até que ela olhou para mim e disse: "Fica comigo".
Naquele instante percebi que Marieta precisava de mim. Ela sempre foi muito independente, se virava sozinha e tinha vergonha de expôr seus limites e dificuldades.
Mas seus olhos estavam tristes e solitários. Sem que ela me dissesse uma palavra se quer entendi que queria companhia.
Balançei a cabeça e a abraçei. Ficamos abraçados por alguns segundos até que ela, com lágrimas nos olhos, voltou a me fitar e falou: "Obrigada".
Me senti importante pra ela naquele momento, podia ser qualquer outra pessoa, mas era a mim que ela queria. Eu realmente gostava daquela menina-mulher, mas ela tão forte, tão livre parecia muito distante para mim. Porém, não importava se eu pudesse beija-la ou abraça-la, para mim, a companhia dela já me satisfazia.
Queria gritar, sair correndo e dizer pra todo mundo que ela, Marieta, queria ficar comigo. Mas me contentei e a abraçei com mais força. Senti que ela retribuiu, meu coração começou a bater mais forte, tinha medo que ela percebesse e se afastasse, mas não conseguia conter a emoção.
De repente, ela me soltou e levantou. Pensei comigo: percebeu tudo, e vai embora!
Mas acreditem, ela me puxou, pegou pelas mãos e me disse: "Vamos andar, o dia está maravilhoso, quero partilhar ele com você".
Nunca, alguém quis partilhar o dia comigo, achei uma ótima idéia. Começamos a caminhar e ela estava diferente. Mais corada, mais viva, seus olhos agora brilhavam, esta linda. O sol que batia em seu rosto, deixava seu sorriso ainda mais branco.
Ai, que felicidade estava sentido. Queria este momento para sempre.
Marieta começou a falar da vida. De viagens, de lugares belos e distantes...
Me fez viajar ao seu lado. Sua voz era uma canção, sua mão suave tocava meu rosto e eu sorria, só sabia fazer isso. Ela me deixava sem ação.
Após uns 20 minutos de caminhada, sentamos novamente, agora virados para o calçadão, olhando as pessoas passar. Ela entendia de diversidade, de diferente e me disse que tinha uma vontade maluca de sair e conhecer o mundo.
Ela era maluca, ela era a pessoa que mais me fazia bem.
Seu jeito me encantava. Marieta, não tinha mais a tristeza nos olhos, ou pelo menos, não conseguia ver.
Já chegava a hora do almoço, ela teve que partir. Senti que estava melhor, e que iria conseguir enfrentar a vida e a tristeza com força. Marieta queria ficar, eu percebi. Mas não podia.
Me abraçou e olhou fundo nos meus olhos. Sem dizer uma palavra entendi.

Aquilo foi um sonho. Bom. Que poderá se repetir.
Ela sabia agora que eu lhe fazia feliz. Mesmo que não falasse nada de gênial. Acho que minha companhia era importante.
Mal sabia ela o quão feliz ela me fez aquele dia!
Queria dizer muitas coisas, mas preferi nao estragar a mágica daquela manhã. E deixei-a partir. Pelo mesmo caminho que ela chegou, porém com mais ânimo.
E sempre é assim, que ela vem e vai.
Nunca sei o dia que ela virá...
E eu fiquei sentado em frente ao lago, tentando entender tudo o que aconteceu.
Sentindo ainda a suavidade da sua mão.
Ela é diferente.
"Ela era ela era ela no centro da tela daquela manhã
Tudo o que não era ela se desvaneceu
Cristo, montangas, florestas, acácias, ipês"Chico